A seguinte conversa ocorreu entre um canário na gaiola e uma cotovia no peitoril da janela. A cotovia deu uma olhada para o canário e perguntou-lhe:
— Qual é o seu propósito?
— Meu propósito é comer sementes.
— Para quê?
— Para ficar forte.
— Para quê?
— Para poder cantar — respondeu o canário.
— Para quê? — continuou a cotovia.
— Porque quando eu canto, ganho mais sementes.
— Então você come a fim de ficar forte para poder cantar, e então ganhar mais sementes para comer?
— Sim.
— Há mais que isso para você — ofereceu a cotovia. — Se você me seguir, eu lhe mostrarei. Mas você deve deixar sua gaiola.
É difícil encontrar sentido em um mundo engaiolado. Mas isto não nos impede de tentarmos. É só cavar fundo o bastante em cada coração, e você o achará: uma ânsia de significado, uma busca de propósito. Tão certo quanto um menino respira, um dia ele quererá saber: “Qual o propósito de minha vida?”
Alguns buscam significado numa carreira. “Meu propósito é ser um dentista”. Excelente vocação, mas dificilmente uma justificativa para a existência. Eles optam por ser um “fazedor” humano em lugar de um “ser” humano. “Fazer” em vez de “ser”. Eles são aquilo que fazem; consequentemente, fazem muito. Trabalham muitas horas, porque se não trabalharem não terão identidade.
Outros são o que têm. Estes encontram significado num carro novo, numa casa nova, ou em roupas novas. Tais pessoas são desmedidas para a economia, e desbastam o orçamento porque estão sempre buscando sentido em algo que possuam.