terça-feira, 8 de novembro de 2011

Propósitos


A seguinte conversa ocorreu entre um canário na gaiola e uma cotovia no peitoril da janela. A cotovia deu uma olhada para o canário e perguntou-lhe:
— Qual é o seu propósito?
— Meu propósito é comer sementes.
— Para quê?
— Para ficar forte.
— Para quê?
— Para poder cantar — respondeu o canário.
— Para quê? — continuou a cotovia.
— Porque quando eu canto, ganho mais sementes.
— Então você come a fim de ficar forte para poder cantar, e então ganhar mais sementes para comer?
— Sim.
— Há mais que isso para você — ofereceu a cotovia. — Se você me seguir, eu lhe mostrarei. Mas você deve deixar sua gaiola.
É difícil encontrar sentido em um mundo engaiolado. Mas isto não nos impede de tentarmos. É só cavar fundo o bastante em cada cora­ção, e você o achará: uma ânsia de significado, uma busca de propósi­to. Tão certo quanto um menino respira, um dia ele quererá saber: “Qual o propósito de minha vida?”
Alguns buscam significado numa carreira. “Meu propósito é ser um dentista”. Excelente vocação, mas dificilmente uma justificativa para a existência. Eles optam por ser um “fazedor” humano em lugar de um “ser” humano. “Fazer” em vez de “ser”. Eles são aquilo que fazem; consequentemente, fazem muito. Trabalham muitas horas, porque se não trabalharem não terão identidade.
Outros são o que têm. Estes encontram significado num carro novo, numa casa nova, ou em roupas novas. Tais pessoas são desmedidas para a economia, e desbastam o orçamento porque estão sempre bus­cando sentido em algo que possuam.
Ainda há aqueles que procuram significado nos descendentes. Eles vivem de modo vicário através dos filhos. Ai desses filhos. Já é bastante duro ser jovem, sem ter de ser ainda a razão de viver de alguém. Alguns tentam esportes, diversões, cultos, sexo. Tudo miragens no deserto. “Dizendo-se sábios, tornaram-se lou­cos” (Rm 1.22).
Não deveríamos encarar a verdade? Se não reconhecemos a Deus, somos destroços de naufrágio no universo. Na melhor das hipóteses, somos animais desenvolvidos. E na pior, poeira reagrupada. No final da análise, a resposta dos secularistas à indagação “Qual o significado da vida?” é uma só: “Não sabemos”.
Ou, como concluiu o paleontólogo Stephen J. Gould:
Nós existimos porque um singular grupo de peixes, com uma anatomia peculiar, pôde transformar barbatanas em pernas para criaturas terres­tres; porque a terra nunca congelou inteiramente durante a era do gelo; porque uma pequena e tênue espécie, surgida na África a um quarto de milhão de anos, tinha treinado, até então, para sobreviver a qualquer custo. Podemos anelar uma resposta elevada — mas não há nenhuma.

O propósito do homem é ser sacrificado sobre o altar do ateísmo. Contraste isso com a visão de Deus para a vida: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazer boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2.10 NVI).
Com Deus em seu mundo, você não é um acidente ou incidente; você é uma dádiva para o mundo, uma sublime obra de arte assinada por Deus.

do livro de Max Lucado; " Nas garras da graça"

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