sábado, 10 de abril de 2010

Aquietai-vos


Há tempos um amigo deu-me um livro para ler, intitulado " Paz Verdadeira".
Era uma mensagem antiga, dos tempos medievais, e continha apenas um pensamento: que Deus estava aguardando no íntimo de meu ser, para poder falar-me. Bastava que eu ficasse bastante quieto para ouvir sua voz.
Achei que isso seria muito fácil, e então comecei a ficar quieto. Porém mal eu havia começado, e uma multidão de vozes atingiram meus ouvidos, mil e um sons de fora e de dentro, exigindo a minha atenção, até que eu nada podia ouvir, senão a sua bulha e ruído.
Alguns eram a minha própria voz, minhas perguntas, minhas próprias orações. Outros eram sugestões do tentador e vozes vindas do tumultuo do mundo.
De todos e para todos os lados eu era empurrado e puxado e saudado com ruidosas aclamações e um indescritível desassossego. Parecia-me que era necessário atender a algumas delas e responder a outras, mas Deus me disse" Aquitai-vos, e sabei que eu sou Deus".
Então surgiu o conflito de pensamentos pelo dia de amanhã com seus deveres e cuidados; mas Deus disse " Aquietai-vos"
E enquanto eu ouvia, e ia aprendendo devagar a obedecer e fechar os ouvidos a todos os sons estranhos, percebi depois de algum tempo, que quando as vozes cessaram- ou deixei de ouvi-las- uma voz mansa e suave começou a falar bem dentro do meu ser, com ternura e poder, trazendo-me grande conforto.
Ao ouví-la, ela se tornou para mim, uma voz de oração, de sabedoria e dever. Não preciser mais esforçar-me tanto para pensar, ou para orar, ou para confiar; aquela voz mansa em meu coração era a intercessão do Espírito, a resposta de Deus para todas as minhas perguntas; era a vida e a força de Deus para minha alma e corpo. Ela tornou-se a verdadeira essência, do conhecimento, a minha oração e a minha benção; o próprio Deus vivo como minha vida e meu tudo.
É assim que o nosso espírito bebe a vida de nosso Senhor resssurreto e seguimos para os conflitos e deveres da vida como uma flor que bebeu na sombra da noite, as gotas frescas e transparentes de orvalho. Mas assim como o orvalho não cai em noitos de tempestade, assim esses orvalhos da sua graça não caem sobre a alma que não para quieta.- A B Simpson.
(Mananciais do Deserto)

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